REVIEW: Cradle Of Filth: Darkly Darkly Venus Aversa


Cradle Of Filth é de longe da banda de Metal Extremo mais bem sucedida de todos os tempos. Enquanto a Inglaterra foi o berço de grandes e importantes bandas para o Rock mundial, desde os primórdios, passando por lendárias tais como Beatles, Rolling Stones, Yardbirds (a banda que revelou 3 lendas das seis cordas, a saber, Eric Clapton, Jeff Beck e por fim Jimmy Page), Cream e Jimi Hendrix Experience, cruzando os anos 70 com Black Sabbath, Deep Purple, Led Zeppelin, Uriah Heep, Budgie e com o incendiário e importantíssimo movimento New Wave Of Brithish Heavy Metal, tendo Motorhead e Judas à frente, com as lendas tais como Angel Witch, Saxon, Iron Maiden, Raven, Tygers Of Pan Tang e Venom, a banda que ajudou a criar o Black Metal. Nesse Universo que se dá o "Big Bang" que vem a ser conhecido como Cradle Of Filth, tendo Dani Filth como o principal compositor, mentor e grande responsável pela concepção da músicas e seus conceitos soturnos, góticos e "vampirescos". Dani, aliáis, é tido como um grande compositor nesses termos citados, já que os líricos da banda sempre abordaram temas de horror, erotismo, satanismo e mitologia.

A banda soube com o tempo esculpir cada vez mais sem som, trabalhando em início com o Black Metal mais "melódico" em "The Principle Of Evil Made Fleash", tendo uma mudança um pouco mais brusca em "Dusk... And Her Embrace" e em 2000 lançando o grandioso "Midian", que marcaria a volta do companheiro de longa da data Paul Allender. "Midian", aliáis, ajudou a criar um novo conceito de se fazer música para o Cradle Of Filth, com um som mais carregado, rápido e pesado, tendo músicas de peso como "Cthulu Dawn", "Saffron's Curse" e "Lord Abortion". Porém, com o tempo a banda passou a criar músicas mais "acessíveis" e até com vídeo clipes, a exemplo de Nymphetamine" e "Temptation", do álbum "Thornography", o álbum tido como o ponto mais fraco e mal sucessido do grupo, com um som mais direto, sem todo os clima tenebroso e as atmosfericas e interlúdios. Mas eis que Dani Filth decide trabalhar na concepção de "Godspeed On The Devil's Thunder", em sua íntegra um álbum conceitual, explorando a vida de Giles De Rays, marechal da França que lutou ao lado de Joana D'arc contra os Ingleses, mas que não era algo propriamente original, sendo que o grande Celtic Frost havia escrito uma música sobre o mesmo em "Mordib Tales". "Godspeed On The Devil's Thunder" trouxe de volta o peso, a agressividade e todos os loucuras que apenas Dani poderia nos dar, sob o olhar e o ponto de vista de Rays. Um álbum forte, marcante, soturno e pesado.

E eis que em temos agora "Darkly Darkly Venus Aversa", que segue a mesma linha músical e todos os elementos vistos no álbum anterior e novamente um álbum conceitual, mas dessa vez, falando sobre a lenda de Lilith, tida pela Cabala como a primeira esposa de Adão, mas que condenada por Deus, viveu exilado, se juntando aos Demônios caídos e assim proliferando seus desejos sádicos e luxúria. Há muitas lendas e controversas sobre a origem dela, mas que só isso, seria um tema perfeito para a mente sombria e mórbida de Dani, algo perfeito pra se explorar em um álbum para uma banda que já tinha bem sucedida em falar sobre Elizabeth Bathory.

A formação da banda permanece a mesma desde "Godspeed On The Devil's Thunder", tendo Paul Allender (guitarra solo), Dave Pybus (baixo), James McIlroy (guitarra base), Martin Škaroupka (bateria) e Ashley Ellyllon (teclados e backing vocals) e o próprio Dani Filth à frente. O álbum já abre com "The Cult Of Venus Aversa", com uma bela introdução em um clima gótico e belas passagens atmosférias criadas pela lindíssima Ashley Ellyllon e com os vocais de Lucy Atkisn, introduzindo Lilith e então somos tomados pela velocidade, o peso e agressidade dos músicas que executam de forma sublime notas e contrapontos, Allender e McIlroy nos presenteando com riffs brutais, passando para "One Foul Step From The Abyss", que segue a mesma linha da anterior, nos dando amostra das grandes habilidades de Martin Škaroupka nas baquetas. "The Nun With The Astral Habit" já inicia-se de forma violenta e ferroz, nos dando Dani Filth vomitando suas cordas vocais de forma insana, cantando a todos os pulmões e "Retreat Of The Sacred Heart" com belas amostras de Trash Metal Oitentista. "The Persecution Song" nos dá uma canção mais cadenciada, devidamente igual à "The Death Of Love", de "Godspeed On The Devil" e apresentando uma magnífica atmosférica clássica e grandes e memoráveis interlúdios. "Decieving Eyes" é bem Trash Metal, desde seu refrão ao andamento da canção, mas é claro, sem deixar de ter Dani borbulhando blasfemas e luxúrias por meio de sua língua, usando e abusando de sua técnica única de cantar, com vocais que vão do rasgado ao mais extremo "vampiresco". "Lilith Immaculate", um dos pontos mais altos e mais climáticos do álbum, o clímax de "Darkly Darkly Venus Aversa", começa de forma extremamente agressiva e com as passagens atmosféricas e Ashley Ellyllon arquitetando e orquestrando o fundo perfeito para o duo de Dani e Lucy Atkisn. De forma alguma devemos encarrar essa música como uma tentativa apelativa de repetir a fórmula feita em "Nymphetamine", com Liv Kristine e em "Temptation" com Victoria Harrison. Essa música, aliáis, já tinha sido disponibilidade meses antes para o delírio dos fãs da banda, que já puderam ter uma pequena amostra de como seria o mais novo trabalho dos Ingleses. É impressionante como que em "The Spawn of Love and War" Allender e McIlroy tocam de forma violenta e soberma, dilacerandos nossos tímpanos com os seus riffs precisos e afinadíssimos. "Forgive Me Father (I Have Sinned)" é a mais Heavy Metal, sendo a primeira a se torna o single e ainda com um belo vídeo clipe e tendo mais uma vez Lucy Atkisn dividindo os vocais com Dani, indubitalmente uma bela música, muito embora com um forte apelo comercial. "Beyond Eleventh Hour" é tão climática e mágica, com uma introdução que de início pensamos estar em um conto de fadas e ainda com Lucy Atkisn fazendo uma bela introdução vocal, assim como fez em "The Cult Of Venus Aversa" e por fim temos "Beast Of Extermination", com todos os climas e elementos que permeiam o álbum como um todo.


Novamente, Dani e truque nos surpreendem com mais uma magnífica e majestosa obra da música extrema, do mais belo e puro Extreme Gothic Metal, ou seja, lá como você ache melhor rotular a banda. Existem bandas que criaram fórmulas que as consagraram há 30 anos ou até mais, tais como Motorhead, AC/DC ou mesmo o Slayer, que sempre nos surpreendem de forma singela em seus novos trabalhos, mas sempre os mesmo elementos básicos. Cradle Of Filth tem trilhado o caminho pavimentando em "Midian", mas sempre nos presenteando com adicões a mais e obras que beiram à louca insana e o delírio e o extremismo. A máxima "em time que se ganha não se mexe" talvez seja o perfeito lema para Dani nesses termos, até porque a banda foi muito bem sucedida com "Godspeed On The Devils Thunder" e com a sua irmã gêmea "Darkly Darkly Venus Aversa". Não nos resta dúvidas que de o próximo e vindouro lançamento dos Ingleses use e abuse de todos os elementos aqui abordados. Mas o que será da próxima vez? Um álbum baseado na vida de Vlad O Empalador? Ou mesmo de Abigail Williams, a jovem "bruxa" de Salém? Não perderemos por esperar.

RESENHA ESCRITA POR ABBADON

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