Rock in Opposition: a vanguarda do rock progressivo


Talvez esta seja uma coisa que pouca gente pensa: como o rock progressivo, com seus diversos gêneros, pode ainda ser de vanguarda? Temos diversas bandas que mesclam inúmeros tipos de sonoridade, que vão do folk ao som étnico, criando diversas atmosferas, instrumentos, sons e muitos flertes com a música erudita.
Entretanto, existe um grupo de artistas que não se conformava com uma certa obrigatoriedade da indústria cultural ou uma “oposição” direta a ela. Para esta indústria, estar comprometido com um contrato era mais importante do que a arte, resultando em trabalhos com apelo mais comercial dentro do rock (que começou nos anos 70).
Tudo começou quando o grupo inglês Henry Cow (cujo estilo era de um rock altamente vanguardista e experimental) em março de 1978 foi convidado por diversos grupos europeus de rock a ingressar no festival chamado Rock in Opposition.
O slogan deles era bem claro: a música que a Europa não quer ouvir. Uma afronta ao princípio de que as gravadoras não queriam o som destas bandas, por não se encaixarem dentro de um mainstream. Participaram do evento os grupos Henry Cow (Inglaterra), Stormy Six (Itália), Samla Mammas Manna (Suécia), Univers Zero (Bélgica) e Etron Fou Leloublan (França).
O movimento em si nunca teve uma organização formal, contudo, se espalhou pela Europa como um ideal de ser diferente e original e se preocupar muito pouco com a estética comercial que o rock adquiria pouco a pouco.
Entre abril e março de 1979, aconteceu outro festival de Rock in Opposition (RIO), organizado pelo Stormy Six e sem a presença do Henry Cow, contando com os grupos do primeiro evento, mais Art Zoyd (França), Art Bears (Inglaterra, contando com os fundadores do Henry Cow) e Aksak Maboul (Bélgica). A despeito de toda a discussão feita em cima dos ideais deste novo evento, muitos artistas discordaram entre si sobre as propostas a serem defendidas e o RIO acabou neste ano, tendo duas edições na Bélgica e na Suécia, não contando mais com os artistas dos outros dois eventos.

O gênero Rock in Opposition

Mesmo com o fim dos eventos e mesmo da ideia de uma oposição, o RIO se transformou num gênero onde o experimentalismo e o descompromisso com a indústria ditam as regras das bandas.
Então temos o que, exatamente? Temos bandas que podem ir para o industrial (como os japoneses do Ground Zero), para o lado do free jazz e do French hall music, do jazz fusion, da música experimental, música concreta, música erudita contemporânea e às vezes tudo isto numa mesma banda. Soa de uma forma coesa, diferente e muito mais artística que boa parte das grandes bandas de progressivo, onde você pode ter músicas que usam escala atonal, tempos ímpares e outras maluquices. É como se fosse, em parte, uma junção do krautrock com diversas tendências musicais e diversos elementos fora do próprio rock, criando uma música mais rica, densa e diversa.

Aqui vão alguns vídeos para vocês conhecerem o estilo:








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