Onze discos para conhecer o Gothic Metal

A despeito de muitos acreditarem ou não na existência de um estilo chamado gothic metal, é fato que ele agrega para si diversas bandas. Por ser um rótulo comercial (como tantos outros), é natural terem uma certa repulsa pelo nome “gótico” atrelado ao “metal”.

Originalmente o estilo deriva de uma variação do Doom Metal, mas hoje qualquer estilo mais “romântico e depressivo” pode ser chamado de Gothic Metal, como aponta o site doom-metal.com. Então, na prática, qualquer estilo de metal que use de elementos mais “góticos” (o que pode incluir a própria música gótica e eletrônica) acaba sendo chamado também de gothic metal.

O grande problema é quando chegamos no Beauty and the Beast. Essa linha dentro do metal se caracteriza por ter uma vocalista feminina seguida de um vocalista masculino com vocal gutural. Isso se tornou meio que um “padrão” para muita gente e as gravadoras começaram a vender como se fosse gothic metal qualquer coisa que tivesse essa combinação. Por isso, comercialmente coloca-se diversas bandas como After Forever e Epica dentro desse “bolo”, mesmo guardando pouquíssimo elementos que não sejam a melancolia e um instrumental com orquestra de fundo.

A lista que segue fala de dez discos para ter uma ideia de como o gênero se estabelece.

Entwine – Gone

Esse disco dos finlandeses do Entwine traz uma característica importante: é altamente influenciado pelo synthpop e pelo gothic rock. Juntando isso a uma música mais “metal”, eles desenvolvem uma sonoridade muito contagiante e melancólica, sem precisar exagerar.

Destaques: Silence is Killing Me, Closer (My Love) e Snow White Suicide.


Lacrimas Profundere - Ave End

O Lacrimas Profundere é um grupo que veio de uma escola doom-metal. Sua sonoridade era calcada num estilo lento, depressivo e muito denso. Com o lançamento do disco “Fall, I Will Follow”, o grupo começava a deixar de lado isso e apostar numa influência mais rock, com referências ao Sisters of Mercy e ao The 69 Eyes, além do The Cult.

Com esse disco, o “Ave End”, eles conseguem estabelecer um elo entre o gothic rock e o metal — mas sem perder o lado metal. As melodias ficam menos carregadas e o vocal passa a seguir uma linha menos metal e mais gótica, tornando o som da banda diferente e que seria seguido pelos álbuns posteriores.

Destaques: Ave End, One Hope´s Evening e Sara Lou.


Moonspell - Darkness and Hope

O grupo português, que começou tocando black metal, já havia trocado sua sonoridade no disco anterior, o “Wolfheart”. Esse disco trazia uma sonoridade mais sombria, com fortes influências de The Sisters of Mercy e também da música folclórica.

Mas é nesse disco, o Darkness and Hope, que as influências góticas tomam conta do som do Moonspell. Aqui há um apelo menor para o vocal gutural e trabalha-se muito mais o vocal grave de Fernando Ribeiro. Este é o disco que certamente vai agradar quem procura uma sonoridade mais sombria e gótica dentro do metal. Conta ainda com a participação especial de Adolfo Luxúria Canibal, vocalista do Mão Morta, na faixa Than the Serpents in My Hands.

Destaques: Nocturna, Devilred, Than the Serpents in My Hands.


Paradise Lost - Draconian Times

Os pais, mães e tudo que você possa imaginar para o gothic metal. A banda já incorporava elementos de gothic rock no disco “Icon”. No Draconian Times esse tipo de sonoridade fica muito mais evidente, marcando a transição do doom-death de antes para o gothic metal.

Musicalmente ele vai influenciar grupos como Poisonblack, Charon, Entwine etc. Nick Holmes e sua banda continuarão a ser importantes quando falarmos de gothic metal. Esse disco ainda não tem nenhum apelo para o lado eletrônico, que viria nos discos seguintes e se consolidaria do álbum “Host”.

Destaques: Enchantment, The Last Time, Forever Failure.


Sunseth Midnight - Sun Seth

O Brasil, a despeito da grande quantidade de bandas que temos aqui, possui poucos representantes dentro do Gothic Metal. A maior parte das bandas desse estilo no Brasil seguem uma fórmula engessada lá fora e não se permitem ser diferentes. Tanto que soam mais como clones do que como bandas realmente originais.

O Sunseth Midnight, nesse debut, prova que é possível fazer um elo entre o metal e o gótico. Com influencias eletrônicas e de gothic rock, esses brasileiros conseguem um som diversificado e diferente. Há quem compare esse disco aos lançamentos da fase gótica do The 69 Eyes, comparação essa um tanto distante da sonoridade do grupo.

Destaques: Stop Haunting Me, Where I Belong, She is not Innocent.


Theatre Of Tragedy – Aegis

O grupo norueguês foi responsável pela popularização do estilo “A bela e a fera” no metal. Estilo esse que se desgastou muito com grupos como Epica, The Sins of Thy Beloved, só para citar alguns exemplos. Nessa época o ToT era basicamente uma banda de doom, com fortes traços de música barroca e de death metal, elementos que faziam uma mistura muito interessante para a época.

No Aegis, o grupo vai rumar diretamente ao contrário da tendência: vai buscar no darkwave diversas influências e marcas para o estilo. Saem os teclados e entram em cena os sintetizadores, que já haviam sido amplamente utilizados no disco anterior, o Velvet Darkness They Fear.

Raymond também abandona os vocais guturais e começa a cantar com uma voz mais clara, mais audível, num tom bem atípico no metal. Esse, assim como o disco de estreia do Sunseth, é a mostra de que metal e música gótica podem sim andar lado a lado.

Destaques: Cassandra, Venus, Poppea.


Theatres des Vampires - Pleasure and Pain

Vampiros. Um tema que já foi muito abordado dentro do metal. Tanto que o grupo Theatres des Vampires é conhecido exatamente por sempre abordar o tema de forma bem marcante.

Inicialmente começou como uma banda de black metal na mesma linha do Cradle of Filth. Lord Vampyr, ao sair da banda, deixou uma marca que, para muitos fãs antigos, nunca mais vai voltar ao grupo. Tanto que esse disco é o que marca, de forma definitiva, a entrada dos italianos na sonoridade gothic metal.

Esse disco vai trazer muitas sonoridades eletrônicas. Sai aquele lado mais extremo da banda e entra algo mais sombrio, mais perto do “electrogoth”. Tem ainda um remix feito pelo Bruno Kramm, do grupo alemão Das Ich.

Destaques: Pleasure And Pain, Black Mirror, Let Me Die.


Tiamat - A Deeper Kind of Slumber

Depois do lançamento do disco “Wildhoney”, os fãs do grupo sueco não sabiam o que esperar.  Afinal, a sonoridade death metal foi substituída por uma mais ambiente e progressiva, com fortes marcas de Pink Floyd.

Esse disco, o “A Deeper Kind of Slumber”, traz para o Tiamat a fusão do que veio no Wildhoney com o gothic rock e o metal. A partir daí temos uma banda mais atmosférica e mais sombria, fazendo com que alguns sites especializados tratem os trabalhos seguintes como gothic rock e não mais como metal.

Seja como for, Tiamat é uma grande banda de gothic metal hoje. Trazendo um lado mais atmosférico e mais eletrônico a cada disco, “A Deeper Kind of Slumber” é o começo dessa trajetória.

Destaques: Teonanacatl, The Desolate One e The Whores of Babylon,


To/Die/For – Epilogue

Quando ainda tinha o nome de Mary-Ann, o To/Die/For possuia bases no pop e na new wave londrina.  Além disso, era uma banda que tinha de tudo para não ir para o caminho do metal.

Ao trocarem de nome, a sonoridade ganhou peso e manteve a mesma melancolia e os traços mais modernos da antiga banda. É um pop misturado com metal de maneira bem sombria, culminando numa fase que tem no Epilogue seu ápice.

As canções são grudentas, com um ritmo muito legal e, acima de tudo, sem nada de muito sofisticado.

Destaques: Hollow Heart, In Solitude, Immortal Love.


Tristania - Beyond the Veil

Talvez o gothic metal ainda estaria com sua sonoridade, dentro do estilo “A bela e a fera”, mais arrastada se não fosse pelo Tristania. A banda de Veland pegou os elementos já presentes no primeiro disco do Theatre of Tragedy e colocou-os dentro de uma forma death metal. Com isso o som ganhou velocidade, ganhou mais peso e uma orquestra sampleada de fundo.

Para muitos fãs da fase Veland, esse é considerado o ápice do Tristania, onde as melodias se encaixam muito bem com as duas linhas vocais, a gutural e a lírica. Ainda sim possui momentos mais “limpos”, criando uma mistura que não soa como uma colcha de retalhos, onde os elementos extras apenas dão um “enfeite” ao som.

Destaques: Aphelion, Opus Relinque, Angina. 


Type O Negative - October Rust

E para terminar, um dos responsáveis pela propagação do gothic metal, juntamente com Paradise Lost e Theatre of Tragedy. Falar no estilo e não comentar sobre o Type é esquecer que eles ajudaram a cunhar a sonoridade carregada e o humor negro.

Há uma certa controvérsia na banda realmente pertencer ao estilo, mas é fato que, mesmo assim, ela é importante. Até mesmo grupos ligados a cena gótica, como o Seraphim Shock, tem influência destes americanos e até mesmo pintarem alguns covers “góticos” feitos por outros artistas.

É com o October Rust que a banda se firma, dando continuação ao disco Bloody Kisses, deixando de lado a sonoridade doom metal e abraçando algo diferente, novo. O disco conta com diversos clássicos, desses que marcam quem ouve, tornando esse disco, junto com seu antecessor, pérolas da banda.

Destaques: Love You to Death, My Girlfriend's Girlfriend, Die with Me.


Menções Honrosas: Beseech – Drama, Charon – Downhearted, Fragile Hollow - Effete Mind, Dreams of Sanity – Masquerade, Advocatus Diaboli - Sterbend durch die Sonne, Ashes You Leave – Fire, Mortal Love - I Have Lost..., My Sixth Shadow - Lovefading Innocence, EverEve – Enetics, Forgive-Me-Not - Suicide Service, On Thorns I Lay - Future Narcotic, Ram-Zet – Intra.

8 comentários:

Flávio disse...

Conheço a maioria das bandas que foram listadas, gostei da matéria, para quem quer conheçer o estilo, sem ser aquela fórmua pré-feita, é uma boa pedida. (:

xfallenangellx disse...

AMEEEEI a matéria *o*
Conheço e gosto muito de todas as bandas, inclusive alguns desses albuns eu nao tenho..
baixando já /o/

Parabens MESMO Fallen! *-*

Anônimo disse...

Caramba!
realmente muita coisa que não sabia o.o
adorei a lista!
conheço poucas bandas citadas....
me interessei!

Otimo Fallen :)

Triana* disse...

Uma lista muito digna sim senhor! Ótima matéria como sempre Fallen... ^^

Tristan disse...

Não é a toa que esse é o gênero que mais me identifico. Primeira mateiria do Fallen que conheço todos esses albuns... Realmente boa lista. Não concordo com tudo, mas é um bom começo pra quem quer conhecer.

Doom's disse...

conhecia tudo ai, e o álbum mais perfeito da lista é o do To/Die/For.. ótima lista, Fallen. Gostei da menção honrosa pro Forgive-me-not também

Anônimo disse...

O 'Gone' do Entwine é lindo :DD
A lista ficou muito bom. Legal o texto para explicar a razão para se ouvir cada álbum.

RafaeL Amorim disse...

Não conheço praticamente nada do estilo.
Vou procurar alguns desses albuns pra conhecer.
Ótima matéria Fallen.

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