Post Rock

Qual é o limite do rock? E o que fazer quando ele não é mais suficiente?

Uma coisa dentro da história da música moderna que é verdade: todo o estilo, quando chega num determinado ponto, satura-se e pede uma ruptura, uma mudança. Assim foi com o punk, que gerou o post-punk, foi com o industrial, gerando todo um movimento pós-industrial (neofolk, noise, power electronics, ebm etc.). E quando o próprio rock satura a si mesmo? É aí que entra o post-rock.

Este estilo não é novo, mas tem conhecido, atualmente, uma popularidade até antes não imaginada para um estilo com fortes raízes no que se chama avant-garde. E como começou tudo isso, afinal de contas? 

Precursores

PhotobucketNa década de 60 o grupo Velvet Underground começava a experimentar usando a música drone, que consiste no alongamento de uma nota até o limite possível aoinstrumento musical. Em seguida temos o experimentalismo do krautrock, que mostra sonoridades extremamente experimentais, muito distantes do que o pessoal do rock progressivo fazia. Este, aliás, cada vez mais se aproximava da música clássica, com composições que beiravam o erudito e influências barrocas e românticas no som.

O shoegaze também traz uma importante contribuição, com suas melodias mais “etéreas” e introspectivas e o uso de “Walls of Sounds”, como podemos perceber em grupos como os japoneses do Mono. Esse estilo, derivado por sua vez do dream pop, vai contribuir ainda mais com a salada experimental que nos anos noventa o gênero vai mostrar.

Além disso, gente como o Talk Talk, o Cocteau Twins, My Bloody Valentine, entre outros, na leva do dream pop, marcaram e influenciaram bastante na concepção musical do estilo.

Mesmo ele estando mais ligado à música erudita durante uma boa parte da sua história, o rock progressivo ofereceu elementos de experimentalismo suficientes para influenciar e ajudar a gerir o post-rock.

O termo ganhou nome no ano de 1994, quando o jornalista Simon Reynolds usou o nome “post-rock” na edição 123 da The Wire. Ele descrevia bandas como Stereolab, Disco Inferno, Seefeel, Bark Psychosis e Pram como pertencentes a uma leva que reunia marcas de jazz, de krautrock e de música ambiente, com um som voltado ao atmosférico. 

O que define o post-rock?

Até aqui sabemos como o estilo surgiu e como ele ganhou nome. Mas o grande impasse é: onde o post-rock se apoia? E por que desse nome? Vamos voltar um pouco ao Reynolds.

Ao cunhar o termo, o jornalista quis, na verdade, agrupar bandas que usavam de elementos de estilo bem próximos, sem, contudo, se pautar nos elementos sonoros. Os grupos citados na revista tinham, em comum, o uso dos mesmos instrumentos do rock mais tradicional. Só que esses instrumentos servem, no entanto, para tocar outro tipo de música. Algo que não dependa de um determinado tipo de timbre, algo que possa ser usado para gerar texturas e ter, com isso, algo diferente. Poder mesclar elementos distantes e aproximá-los por meio da técnica e do experimental, sem precisar soar igual ao que veio antes.

Isso era uma clara oposição ao grunge, que ainda estava em alta. Era um estilo que ia contra essa rebeldia juvenil e tendia a algo mais intelectual. Era uma música para ser compreendida, não somente curtida, para ser sentida e interpretada.

Então é isso que, em princípio, define o post-rock: uma postura e uma sonoridade multi-influenciada. Eles aprenderam com outros estilos (como o jazz, o hip-hop e até mesmo o dub) uma coisa chamada “sampling”. Por meio do uso da música eletrônica, poderiam construir seu som e levar a experiência a algo diferente, a algo novo.

Assim como outros estilos, vai existir uma diferença muito grande entre as bandas dos Estados Unidos e as da Inglaterra. As primeiras tendem a ter seu experimentalismo mais calcado em ritmos eletrônicos e com os pés mais no rock, enquanto na Inglaterra, pelo seu extenso passado musical, vai absorver influências do industrial e do noise, sobretudo do noise rock. Vão incorporar o barulho e a dissonância na criação de sua sonoridade.

Um traço herdado do Brian Eno e outros artistas do gênero é o minimalismo. O uso de drones e acorde, além das diversas repetições ao longo da música. Isso não quer dizer que seja uma música monótona, mas sim algo que repete-se sem precisar, contudo, soar igual o tempo todo.

O largo emprego de pedais de distorção e de música eletrônica ambiente marcam as melodias, quase sempre desprovidas de vocal. A voz se torna menos importante que os outros instrumentos ou que a música em si, mostrando uma faceta que vai contra os preceitos do próprio rock. Grupos como Sigúr Rós usam de vocais em algumas músicas, mas de uma forma bem diferente das bandas de rock convencionais.

O IDM (intelligent dance music), na qual tem seu grande nome na figura do Aphex Twin, vai trazer um experimentalismo dentro do Techno que o post-rock vai incorporar. Esqueça o ruído branco ou o dance de bandas como o Rammstein incorporam na sonoridade: pense em sons que são basicamente texturas eletrônicas que vão acompanhar as guitarras, sons que se integram ao instrumental e não somente servindo de “fundo”. Isso significa que dentro dessa concepção de rock, os sons são levados a uma integração, onde tudo dentro da melodia se torna extremamente importante. 

Post rock bands: o som definido por elas mesmas

Certo, mas o que ouvir dentro desse estilo? A resposta não seria nada fácil, uma vez que hoje temos diversas bandas, que vão usar elementos de música eletrônica, jazz, trip-hop, post-punk, música folclórica etc.
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Um grupo que tem ganhado muita notoriedade é o Mono, do Japão. Além deles, temos o Godspeed You! Black Emperor, que abusa do experimentalismo, ainda mais do que é possível dentro do estilo. Mogwai é um dos pilares do post-rock, ajudando a defini-lo e a consolidá-lo como estilo.

E o metal também absorve um pouco desse gênero, criando o que alguns críticos chamam de post-metal. Na verdade esse rótulo serve para grupos que fazem sons fora do usual e que ainda não podem ser encaixados totalmente num novo “estilo” ou num estilo existente. Temos nisso o Kayo Dot, que usa das melodias experimentais e drones em suas composições, assim como o Jesu. Essas são bandas muito distantes do comercialismo que os outros estilos do metal abraçam até hoje, tendo um público mais intelectualizado, que consegue compreender suas músicas.

1 comentários:

Flávio disse...

Não sabia nada sobree post-rock... mas essa matéria deu uma ajuda pra poder sacar o som.
Depois vou atrás dessas bandas para ver como é (:

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